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domingo, 21 de fevereiro de 2010

FUZILAMENTO MORAL NO “PAREDÃO” DA GLOBO E PEDRO BIAL


Por Nívea Oliveira Castro

Quando Pedro Bial popularizou a expressão mandar alguém para o paredão, ele nada mais pretendeu que fazer graça com uma das mais abjetas formas de violência contra um ser humano: a eliminação física pelo fuzilamento.
Sim, com todas as letras, é disso que se trata: fazer piada de mau-gosto com o justiciamento, tripudiar da aniquilação sumária de um indivíduo, normalmente aquele que não se submete às regras e caprichos dos poderosos.
No caso, quem detém este poder, espetacularizado através de mil câmeras? Seria o público, manipulado e sedento de sangue, disposto a gastar míseras moedas em troca desse pequeno prazer? Ou a TV Globo e seu manipulador oficial, ambos ávidos por lucros milionários, nesse caça-níqueis de gozo muito maior?
É contra essa forma sádica de se assistir e produzir televisão que – depois do cordelista baiano Antonio Barreto – se insurge outro artista, desta vez o músico gaúcho Pedro Munhoz, que acaba de fazer um pungente desabafo em forma de carta aberta com duras críticas ao showman do Big Brother Brasil.

CARTA PARA O PEDRO BIAL

Sr. Pedro Bial,

Imagino que minhas palavras jamais chegarão ao seu conhecimento. Mas pouco importa. Escrevo por indignação e não por reconhecimento. Escrevo por ter minha humanidade subestimada pela mediocridade, pela falta total de valores e princípios. Escrevo por entender o quanto sua presença na tela da TV é irrelevante e inoportuna.

O senhor não imagina ou não faz ideia do quanto ridícula é sua figura tentando convencer a audiência da importância que o BBB representa para a vida de todos nós. Na verdade é mais um formato de reality show que foi comprado e colocado goela abaixo de nosso povo. E o pior: o senhor é quem dá o último toque.

É claro que o senhor nada mais é do que um empregado da emissora, fazendo o que lhe é mandado. Mas isto não o exime, tamanho o seu requinte ante as câmeras.

O senhor é deprimente. Repugnante.

Fico pensando em seus anos gastos em escolas, universidades, para depois tornar-se um bufão.

Tem gente que o considera um poeta. E eu pergunto: Como? Quem disse? Quem se animaria a ser poeta onde não há poesia? Que poeta é este que mata a flor e nos condena à mesmice? Creio que bufão lhe cabe melhor.

Sr. Pedro Bial, o senhor conduz um programa que em nada difere das rinhas de galos, cachorros, entre outras espalhadas pelos fundões deste país. O senhor conduz algo mais sórdido: rinha de gente!

É empobrecedor, senhor Bial, para que no final o ganhador saia com uma soma em dinheiro. E diga-se de passagem, não se compara ao montante arrecadado em patrocínios e ligações telefônicas durante três meses de duração do programa.

O senhor não contribui em nada com a sua gente. O senhor entorpece mentes e mente entorpecendo a realidade.

Por fim, gostaria ainda de dizer-lhe que acredito na mudança deste país, acredito em novos valores, acredito que o mundo possa mudar, que possamos almejar algo bem melhor que corpos sarados no horário nobre. O senhor não estará lá, com certeza.

Como o senhor gosta muito de mandar gente para o “paredão” entendo esta palavra e o ato em si como algo determinante e decisivo. Eu gostaria de mandá-lo para o “paredão” no dia do triunfo final, no dia em que o povo ganhar as praças e as ruas, tomar os palácios e assumir as fábricas, ocupar a terra e produzir o pão.

Com certeza, Sr. Pedro Bial, o senhor fará parte da primeira leva, a que irá sumariamente para o “paredão”. Para que assim tenhamos um mundo melhor.

Pedro Munhoz

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